O lírio ou flor-de-lis está presente em muitos brasões como o de Florença e de várias unidades militares pelo mundo
(Alberto Consolaro)
Quando perguntam de onde veio tanta curiosidade, eu “culpo” minha mãe. Antes de sair para visitar alguém, ela discursava sempre dizendo que não era para mexermos nas coisas da casa alheia, não perguntar sobre nada e não atrapalhar a conversa dos adultos.
Parece que isto desencadeou uma vontade enorme de saber de tudo o que consigo. Até hoje olho vitrines, assisto programas em pé e fico analisando as coisas com os olhos e ouvidos, mas com as mãos cruzadas atrás do corpo.
Na simplicidade da pobreza, quando alguma coisa vinha embrulhada em jornal, era uma maravilha! Cada letra e notícia naquela folha era devorada loucamente.
Não havia internet, as enciclopédias e atlas eram consultados nas bibliotecas públicas.
Algumas coisas ficaram para trás e uma delas foi por que tive, durante 4 anos, uma professora de francês muito chata e implicante chamada Flor de Lis. Então, tudo que tinha flor-de-lis, eu deixava de lado.
Mas, agora, chegou a hora da verdade, de me libertar graças à beleza desta flor como uma das quatro figuras mais populares da heráldica, juntamente com a águia, cruz e o leão. Heráldica é a arte ou ciência que identifica visualmente alguma coisa por meio de brasões de armas ou escudos, criada na França.
FLOR-DE-LIS
O termo “lis” vem do francês e significa lírio ou íris, mas também representa uma forma contraída de “Louis” ou Luís, o príncipe que virou rei Luís VIII e utilizou a flor como símbolo em 1211, ficando como “fleur-de louis”.
A flor-de-lis nos brasões é muito associada à monarquia francesa, ao rei da França e até hoje permanece como um símbolo extraoficial da França, junto com a águia napoleônica. Para os franceses, as três pétalas significam pureza do espírito, luz e perfeição. No entanto, há citações de que a flor-de-lis represente a Santíssima Trindade.
Atualmente muitos logos ou marcas trazem a flor-de-lis como as camisas Dudalina, a Faculdade São Leopoldo Mandic, muitas outras universidades e numerosas unidades militares. O escotismo mundial tem a flor-de-lis como seu maior símbolo por escolha de Baden-Powell, seu fundador.
A flor-de-lis ou o lírio está permeado na cultura francesa, inclusive na culinária. Quando o chef preparava algo muito diferente, com paladar incomum, a realeza premiava-o com uma flor-de-lis de ouro e pedras preciosas, concedendo lhe permissão de chamar com seu nome, aquele prato saboroso.
CAPITAL DO MUNDO
Em época de Olimpíadas em Paris, que é o centro cultural do mundo, é prazeroso refletir a influência da cultura francesa em nossa formação como nação. Por muitos anos, os franceses dominaram parte de nosso território, estabelecendo-se por aqui a França Equinocial, onde hoje é o estado do Maranhão cuja capital São Luís, ainda guarda alguns sinais desta época. Os franceses ainda ficaram um tempo no Rio de Janeiro e somos vizinhos por meio da Guiana Francesa, um território ultramarino.
Não notamos, mas muitas palavras comuns são derivadas do francês como: abajur, boate, balé, batom, bibelô, buquê, butique, bife, champanha, camelô, camionete, carnê, chique, chefe, conhaque, cupom, crochê, dossiê, edredom, filé, garagem, garçom, guichê, guidão, glacê, madame, maionese, maquete, maquilagem, marrom, matinê, menu, omelete, pierrô, purê, raquete, ruge, sabotagem, toalete, vitrine etc.
REFLEXÃO FINAL
Quantos símbolos já passaram pelos seus olhos, com a flor-de-lis no centro e nem notaram. Às vezes exibimos símbolos, marcas e brasões nas roupas, carros e casas e nem sabemos o significado deles. Tomemos cuidado, pois podem passar mensagens com as quais não concordamos, o que não é o caso da flor-de-lis.