O médico Wilson Bachega Junior, que atuava no hospital A.C. Camargo, em São Paulo, está sendo acusado de estuprar uma paciente durante um exame pré-operatório realizado em março de 2021. O caso, denunciado pelo Ministério Público de São Paulo e acatado pela Justiça em 2024, envolve a acusação de estupro mediante fraude, crime que ocorre quando o agressor se aproveita de uma situação de confiança ou engano para cometer o abuso.
De acordo com a denúncia, o abuso aconteceu enquanto o médico realizava um exame pré-operatório para o tratamento de uma hérnia. Durante o procedimento, ele teria ficado sozinho com a paciente, fechado as cortinas da sala, pedido que ela se despisse e se deitasse, e, em seguida, realizado toques íntimos sem justificativa médica adequada. A paciente, mesmo demonstrando desconforto e questionando o médico sobre a necessidade do exame, acabou sendo convencida a prosseguir.
Após o ocorrido, a vítima denunciou o caso à diretoria do hospital, solicitou a substituição do médico para a cirurgia programada, registrou um boletim de ocorrência e comunicou o fato ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que abriu uma investigação. Segundo o Ministério Público, a apuração do Cremesp revelou indícios de que o médico realizou o exame com o objetivo de satisfazer interesses pessoais e não por razões clínicas.
O A.C. Camargo afirmou, em nota oficial, que Wilson Bachega Junior não faz mais parte do corpo clínico da instituição e reforçou que não tolera qualquer forma de assédio ou comportamento inadequado. O hospital destacou ainda que a proteção e o cuidado integral com os pacientes são prioridades e que não comentará o caso em razão do processo judicial em andamento.
O Cremesp, por sua vez, ressaltou que o médico não possuía especialização em ginecologia, embora tenha realizado um exame ginecológico na paciente sem justificativa técnica plausível. Além disso, o conselho apontou falhas no registro do procedimento no prontuário médico, o que levantou ainda mais suspeitas sobre a conduta do profissional.
A defesa de Wilson Bachega Junior alega que ele é inocente e que o processo está sob segredo de Justiça. O advogado do médico argumentou que o caso, ocorrido há quase quatro anos, pode prejudicar tanto a imagem do profissional quanto a do hospital.
O Ministério Público também solicitou que o médico seja condenado a pagar uma indenização à vítima, citando o impacto psicológico significativo causado pelo abuso. Novas audiências sobre o caso estão previstas para ocorrer em março deste ano.
Este é o segundo caso, em menos de uma semana, de um médico acusado de estuprar paciente oncológica.