Dentes com raízes em reabsorção inflamatória na radiografia em A, e dente com reabsorção por substituição em B. No desenho colorido, estão os osteoclastos.
O dente está normal, sem dor, mas a raiz está sumindo. Os dentes ficam separados do osso por uma membrana bem fina, como uma película de papel de seda. Está sempre umedecida pelo mediador químico EGF ou fator de crescimento epitelial. Ele induz o osso a reabsorver quando se aproxima perigosamente do dente e devem ficar entre 0,2 e 0,4mm de distância um do outro. As raízes, quando reabsorvem, usam um dos três mecanismos.
PRIMEIRO: UNIÃO
Se osso encontrar o dente, o osso vai abraçá-lo e juntos se renovam e reformam o osso e raiz no local. Depois de dois anos, em média, nem se terá mais sinal de dente nas radiografias. E no final, a coroa vai se embora, sozinha! A membrana periodontal tem uma rede de cordões celulares chamada “restos epiteliais de Malassez” que secretam o EGF, fazendo o osso ficar separado dos dentes.
Se algo destruir esta rede, o osso encosta e abraça a raiz. Este abraço é a Anquilose Alveolodentária e a troca conjunta é a Reabsorção por Substituição. Mas quem destruiria esta rede? Só o traumatismo dentário em jogos, lutas, acidentes, cirurgias, abrir garrafas, violência, etc.
SEGUNDO: EXPOSIÇÃO
Quando a polpa morre no canal, as bactérias e os restos necróticos saem na ponta da raiz e lesam a membrana periodontal. A toxicidade mata as células grudadas como uma camada protetora para esconder o dente do corpo e que são os cementoblastos.
No projeto humano, não daria para nascermos com dentes, e nem com espermatozoides. Simples, vamos deixar isto para depois do nascimento. Mas aí, teríamos um problema. O sistema imunológico cataloga as proteínas normais só até o nascimento. Decidiu-se que dentes e espermatozoides, seriam feitos depois do nascimento, mas embrulhados em membranas e tubos, escondendo-os do sistema imunológico.
Os cementoblastos não obedecem os hormônios e não saem da superfície por nada deste mundo, a não ser por substâncias microbianas muito tóxicas ou por falta de oxigênio que os levam a morte, desnudando a raiz focalmente. No movimento ortodôntico, quando isto ocorre é por compressão excessiva e anoxia dos cementoblastos.
Quando cementoblastos morrem e expõem a raiz, o sistema imunológico é acionado e manda os osteoclastos reabsorverem a raiz de forma lenta e indolor. Assim começa a Reabsorção Apical Inflamatória, pois para acontecer, o sistema imunológico requer muitos vasos, mediadores, células, além de ligamento periodontal vivo.
Na parte interna, os traumatismos em forma de solavancos e concussões, podem expor a dentina por deslocamento dos odontoblastos que escondem o dente, como os cementoblastos fazem externamente. Desta forma tem se a Reabsorção Interna.
Logo abaixo da gengiva, o esmalte termina e começa a raiz recoberta pelo cemento. Nesta junção, ficam pequenos defeitos micrométricos que deixam a dentina exposta em pequenas janelas que o tecido gengival esconde caprichosamente. Os traumatismos dentários podem atuar ali, inflamando a área e expondo a dentina e suas proteínas antigênicas, começando uma Reabsorção Cervical Externa.
TERCEIRO: FISIOLÓGICO
Assim que formados os dentes decíduos, as suas células vão entrando em apoptose comandada pelo gene p53. A sua estrutura mineralizada fica exposta aqui e ali, e passa a ser reabsorvida. A rizólise decídua é a única reabsorção fisiológica e sua ocorrência independe dos dentes permanentes, apesar de sua velocidade depender deles.
REFLEXÃO FINAL
Os espermatozoides são formados dentro de túbulos nos testículos aos 8-9 anos de idade, escondidos do sistema imune. Mas se o vírus da parotidite viral, ou caxumba, atingir esta região, a inflamação abrirá orifícios nos túbulos e a fábrica de espermatozoides poderá ser destruída pelo sistema imunológico. E a esterilidade poderá ser parcial ou total. Este fenômeno chama-se liberação de antígenos sequestrados.
É incrível, que dentes e espermatozoides tenham proteínas antigênicas chamadas de antígenos sequestrados que não devem ser descobertos pelo organismo, e que isto faz da nossa própria natureza. Os humanos são demais!
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