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Uso de powerbanks em aviões acende alerta global sobre segurança aérea

A preocupação não é sem motivo, uma vez que incidentes envolvendo superaquecimento de carregadores portáteis têm acontecido com mais frequência

Fonte: Da redação com Reuters e Bloomberg

uso de powerbanks em aviões acende alerta global sobre segurança

Os carregadores portáteis, ou powerbanks, tornaram-se tão indispensáveis quanto os próprios smartphones. Com a popularização desses dispositivos, no entanto, cresce também a preocupação com sua segurança, especialmente no transporte aéreo. Autoridades e companhias aéreas ao redor do mundo vêm reforçando medidas após uma série de incidentes relacionados ao superaquecimento desses equipamentos durante voos.

Um dos episódios mais recentes ocorreu a bordo de uma aeronave da Hong Kong Airlines, que precisou realizar um pouso de emergência na China. Embora a companhia aérea não tenha confirmado a origem do incêndio, vídeos publicados nas redes sociais mostraram um bagageiro em chamas, levantando suspeitas de que o incidente possa ter sido causado por um carregador portátil. Como resposta imediata, o governo de Hong Kong anunciou novas regras para o transporte desses dispositivos, que passam a valer a partir de abril.

Casos similares não são isolados. Em janeiro, um voo da Air Busan, na Coreia do Sul, também registrou um incêndio a bordo, novamente com indícios de que um powerbank tenha sido o responsável. A gravidade do caso levou o país a revisar suas normas. Desde o início de março, os passageiros das companhias aéreas sul-coreanas estão proibidos de despachar baterias portáteis ou cigarros eletrônicos nos compartimentos de bagagem superior. Além disso, os dispositivos devem ser transportados em mãos, com as portas vedadas ou armazenados em sacos plásticos transparentes.

As novas diretrizes da Coreia do Sul também impõem limites rigorosos quanto à potência e à quantidade de baterias por passageiro: cada viajante pode embarcar com até cinco unidades de até 100 watts-hora. Já baterias com capacidade superior a 160 watts-hora estão completamente proibidas nos voos comerciais.

O alerta não é infundado. Dados da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) indicam que, ao longo de 2023, houve uma média de três casos de superaquecimento de baterias de lítio a cada duas semanas em aviões — um salto considerável em relação à média de um por semana registrada em 2018. As causas variam: falhas de fabricação, danos físicos — como quando um celular é esmagado entre os assentos — ou ainda exposição a temperaturas extremas podem provocar curto-circuito e levar ao rápido superaquecimento das baterias.

Quando isso acontece, o resultado pode ser devastador. De acordo com a Flight Safety Foundation, o superaquecimento pode gerar calor extremo, fumaça e até mesmo explosões, com partes dos dispositivos sendo lançadas como estilhaços.

O risco é ainda mais preocupante se considerarmos a quantidade de baterias transportadas. Em um voo lotado, é comum que centenas de dispositivos alimentados por baterias de íon-lítio estejam a bordo — de celulares e tablets a cigarros eletrônicos e laptops.

Historicamente, o setor aéreo já sofreu com tragédias causadas por baterias de lítio. Em 2010, um avião cargueiro da UPS caiu em Dubai após um incêndio no porão. Um ano depois, uma aeronave da Asiana Airlines teve destino semelhante na Coreia do Sul. Em ambos os casos, o fogo foi atribuído ao transporte dessas baterias como carga. Como resultado, a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) proibiu, em 2016, o transporte de baterias de lítio como carga em voos de passageiros.

Apesar das regulamentações, o problema persiste. Um relatório divulgado em dezembro de 2024 pela Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA) revelou que baterias de lítio fora dos padrões continuam sendo despachadas irregularmente na bagagem de porão. O documento também destacou a necessidade de aprimorar os sistemas de triagem nos aeroportos e apontou o uso de cães farejadores como uma possível alternativa para detectar dispositivos perigosos.

Com a crescente dependência de dispositivos eletrônicos, o desafio das autoridades é equilibrar conveniência e segurança. O recado, porém, já foi dado pelos especialistas: os powerbanks podem ser úteis — mas, dentro de um avião, exigem vigilância redobrada.

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