Brasil se prepara para maior safra de grãos da história

Reflexões dos fatos e números do agro em julho/agosto e o que acompanhar em setembro

Fonte: BOLETIM AGRO30 Prof. Dr. Marcos Fava Neves, Vinicius Cambaúva, Beatriz Papa Casagrande, Rafael Barros Rosalino

Na economia mundial e brasileira, o boletim Focus divulgado em 22/08 pelo Banco Central estabeleceu novas projeções dos principais indicadores da economia brasileira. Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a estimativa é de 4,86% em 2025 e 4,33% em 2026 (ambos em queda mensal). Já para o PIB (Produto Interno Bruto), a expectativa é de 2,18% ao término do ano corrente e 1,86% no subsequente (ligeira queda nos dois casos). Olhando para o câmbio, ambas as projeções caíram para R$ 5,59 neste ano e em R$ 5,64 no próximo. Para finalizar, a Selic permaneceu estável para 2025 (15%) e 2026 (12,5%).

No agro mundial e brasileiro, o Índice de Preços de Alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) atingiu em julho a média de 130,1 pontos, apresentando alta de 1,6% em relação a junho e 7,6% acima do mesmo mês de 2024. Apesar das quedas registradas nos preços de cereais, laticínios e açúcar, o índice foi sustentado pelas elevações em carnes e óleos vegetais. No caso dos cereais (-0,8%), o recuo refletiu principalmente a pressão da ampla oferta de trigo de inverno no hemisfério norte, ainda que fatores como seca no Leste Europeu e estoques menores de exportação da Argentina e do Brasil tenham dado suporte parcial às cotações do milho. Já nos laticínios (-0,1%), a primeira queda desde abril de 2024 foi puxada pelo recuo nas cotações da manteiga e do leite em pó, compensado em parte pela valorização dos queijos. O açúcar (-0,2%), por sua vez, acumulou a quinta queda mensal consecutiva, pressionado pela expectativa de recuperação na produção global em 2025/26, com destaque para Índia, Tailândia e Brasil, ainda que sinais de melhora na demanda internacional tenham limitado maiores baixas.

Por outro lado, o destaque positivo de julho foram os óleos vegetais (+7,1%), que alcançaram o maior nível em três anos, devido à valorização no óleo de palma, soja e girassol, impulsionadas pela demanda firme para biocombustíveis nas Américas e menor oferta sazonal na região do Mar Negro. Já o índice das carnes (+1,2%) estabeleceu um novo recorde histórico, apoiado nas fortes valorizações da carne bovina, com destaque para Austrália e Brasil pela demanda robusta da China e Estados Unidos, enquanto a carne ovina manteve trajetória de alta pela oferta restrita da Oceania. A carne de aves registrou ligeira alta, favorecida pelo aumento das exportações brasileiras após a retomada do status sanitário livre de influenza aviária, enquanto a suína recuou, pressionada pela ampla oferta da União Europeia frente à demanda global enfraquecida.  

A Conab publicou seu 11º Boletim de Safra de Grãos para a o ciclo 2024/25, elevando mais uma vez a estimativa de produção de 339,6 mi de t em julho para 345,2 mi de t em agosto. Se a previsão se concretizar, a produção será 16% superior em comparação ao ciclo 23/24. Em comparação com julho, houve um leve aumento na área destinada ao cultivo de grãos, passando de 81,8 mi de ha para 81,9 mi de ha, crescimento de 2,5% em comparação com a safra anterior, o que equivale a um adicional de 2 milhões de ha.

No milho, o relatório de agosto do USDA para a safra 2025/26 elevou a produção global estimada do cereal, que era de 1.263 mi de t em julho, para 1.288 mi de t, superando em 5% a safra de 2024/25; um aumento expressivo de 62 mi de t. Ainda em comparação com julho, as estimativas para a produção do cereal foram mantidas para os seguintes países: China com 295 mi de t; Brasil com 131 mi de t; e Argentina com 53 mi de t (+6%). Por outro lado, apresentaram produção maior: os Estados Unidos com 425,2 mi de t (+12,6%) (era de 398,9 mi de t); e União Europeia caiu para 58 mi de t (-2,2%, era de 60 mi de t). Os estoques finais de milho devem fechar o ciclo em 282,5 mi de t, queda de 0,2% em comparação com o ciclo anterior.

Nos Estados Unidos, até 17 de agosto, o USDA avalia a condição das lavouras da seguinte maneira: boas em 50% (2024: 51%); e excelentes em 21% (2024: 16%). De modo geral, as condições estão melhores do que no ano passado, justificando a previsão de alta de 12,6% para a produção americana do cereal.

No Brasil, a Conab revisou (novamente) para cima a produção do milho em 2024/25. A colheita da 2ª safra se aproxima da conclusão. A expectativa é de 137 mi de t, oferta 18,6% superior em comparação com o ciclo anterior. A produção entre as safras de milho está distribuída da seguinte maneira: 24,9 mi de t na 1ª safra (+8,6%); 109,6 mi de t na 2ª safra (+21,7%); e 2,5 mi de t na 3ª safra (+0,9%). A produtividade do milho para a safra atual está projetada em 6.320 kg/ha, o que indica um aumento de 15,2%.

No relatório de 16 de agosto, a Conab indicou que a colheita do milho 1ª safra havia sido concluída, restando apenas áreas pontuais no Maranhão. Já para o milho 2ª safra, o milho “safrinha”, a colheita estava 89,3% concluída no período. No mesmo período de 2024, esse valor era de 96,4%. A média nos últimos cinco anos é de 88,7%. Apesar do atraso devido às chuvas ocorridas em junho em grande parte do país, e à redução das temperaturas (o que retardou a perda natural de umidade dos grãos), os índices produtivos têm sido superiores às estimativas iniciais e à safra passada. Dos principais estados produtores, Mato Grosso se aproxima do final da colheita (99%), assim como Paraná (80%) e Mato Grosso do Sul (72%), apesar desses últimos terem enfrentado efeitos climáticos desfavoráveis em junho.

Na bolsa de Chicago, até 22/08, os contratos de milho para vencimento em Dez/25 estavam cotados em US$ 4,11/bushel, 0,1% menor do que o preço registrado há um mês (US$ 4,18/bushel).

Na soja, o relatório de agosto do USDA para a safra 2025/26 reduziu a estimativa de produção, que era de 427,7 mi de t em julho para 426,4 mi de t em agosto. Se a previsão se concretizar, a produção será 0,6% maior do que a safra 2024/25, ou 2,4 mi de t acima. Dos três maiores produtores, somente o Brasil deve aumentar sua produção em relação à safra anterior: 175 mi de t (+3,5%). Em agosto, a estimativa de produção de soja dos Estados Unidos foi reduzida de 118,0 mi de t para 116,8 mi de t (-1,7%), contrariando expectativas de mercado. O órgão explicou que a redução se deu pela menor área destinada à produção da oleaginosa, mas que será parcialmente compensada por índices produtivos satisfatórios. Já para a Argentina, a produção foi estimada em 48,5 mi de t (-4,7%).

Nos Estados Unidos, até 17 de agosto, o USDA avalia a condição das lavouras da seguinte maneira: boas em 53% (2024: 54%); e excelentes em 15% (2024: 14%). Assim como no milho, as lavouras de soja apresentam desempenho positivo até aqui, o que deve aumentar os índices produtivos finais, compensando em partes a queda na área plantada americana.

No Brasil, a Conab voltou a elevar a produção de soja em 2024/25, partindo de 169,5 mi de t (julho) para 169,6 mi de t (agosto), voltando ao patamar estimado no relatório de junho. Se a estimativa se concretizar, o volume será 14,8% maior do que na safra passada, ou 21,9 mi de t adicionais. A produtividade média da soja brasileira deve chegar a 3.560 kg/ha, um crescimento de 11,3%. Vale lembrar que a safra de soja já foi finalizada, restando apenas áreas isoladas em estados do Norte e Nordeste. Portanto, o próximo e último relatório da safra 2024/25 trará números finalizados da safra, com ajustes pontuais em área e produtividade.

No mercado futuro (Chicago), até 22/08, o contrato de Nov/25 da soja foi cotado a US$ 10,59/bushel, 0,2% superior ao preço dos últimos 30 dias (era de US$ 10,25/bushel).

No algodão, o relatório de agosto do USDA para a safra 2025/26 reduziu a estimativa de produção, que era de 25,8 mi de t em julho para 25,4 mi de t em agosto. Caso a projeção se concretizar, a produção será 1,9% menor do que a safra 24/25, ou 400 mil t acima das 25,9 mi de t previstas para a safra atual. A China (1º), teve alta estimada em agosto e deve oferecer 6,8 mi de t (-1,6%), seguida pela Índia (2º) com 5,1 mi de t (-2,1%) e Brasil (3º) com 4,0 mi de t (+8,1%). Os Estados Unidos (4º) tiveram sua produção revista para baixo, com 2,9 mi de t (-8,3%), apesar das condições das lavouras se apresentarem melhores no comparativo anual. Os estoques finais devem chegar a 16,1 mi de t, 1,5% abaixo dos 16,3 mi de t previstos para 2024/25.

No Brasil, a Conab manteve a projeção do algodão para 2024/25 em 3,9 mi de t. Se a estimativa se concretizar, a quantidade será 6,3% maior do que a safra passada, ou 200 mil t adicionais. A área total plantada para a cultura deverá ser de 2,1 mi de ha, aumento de 7,3% em relação ao ciclo anterior, devido a maiores plantios na Bahia e Mato Grosso, impulsionados pelos bons índices produtivos e alta rentabilidade da safra anterior. A produtividade média do algodão em caroço deve chegar a 2.657 kg/ha, redução de 0,9%.

No relatório de 16 de agosto, a Conab indicou que a colheita do algodão estava 48,9% concluída, com atraso substancial em relação ao mesmo período de 2024, quando essa taxa era 65,2%. Esse atraso decorre, segundo a Conab, da ampliação da área cultivada nos principais produtores Bahia e Mato Grosso (58,0% e 42,6%, respectivamente), o que deve aumentar a produção e atingir um recorde histórico, mas que pode levar mais tempo para ser colhida. As condições nos dois estadosforam boas e favoreceram o avanço das colheitas.

No mercado futuro (Nova Iorque), até 22/08, o contrato de Nov/25 do algodão foi cotado em 68,01 centavos de dólar por libra-peso, 0,4% inferior ao preço dos últimos 30 dias (era de 68,25 cent/lb).

Nas demais culturas, a Conab projetou uma pequena recuperação nos cultivos de inverno após quedas consecutivas: de 9,82 mi de t (julho) para 9,90 mi de t (agosto). No trigo, a alta na produtividade não foi o suficiente para recuperar o total produzido, devido à grande redução na área cultivada. Dentre os 26 estados brasileiros, o único que apresentou aumento na área plantada de trigo foi o Distrito Federal. Outras culturas como aveia (+7,8%), canola (+43,5%) e centeio (+7,6%) devem apresentar incremento na área total plantada na safra 2024/25. A produção por cultura deve ser dividida da seguinte forma: trigo com 7,81 mi de t (-1,0%); 1,22 mi de t de aveia (+17,6%); 511,7 mil t de cevada (+16,7%); e 309,7 mil t de canola (+58,4%). A área destinada às culturas de inverno deve atingir 3,43 mi de ha, uma queda de 10,6% em relação ao ciclo 2023/24.

O agronegócio brasileiro registrou recorde de exportações em julho de 2025, alcançando US$ 15,6 bilhões, valor 1,5% superior ou US$ 225 mi acima do que o mesmo mês de 2024. O desempenho positivo refletiu a leve alta no volume embarcado (+0,1%) e no preço médio dos produtos exportados (+1,4%). Mesmo com a queda nos preços médios de importantes itens da pauta, como soja em grãos, açúcar, celulose e algodão, o setor manteve participação de 48,2% nas vendas externas totais do país. Enquanto isso, as importações de produtos agropecuários também aumentaram para US$ 1,8 bilhão (+3,8%), com destaque para fertilizantes (US$ 1,7 bi | +21,8%) e defensivos agrícolas (US$ 694,8 mi | +36,1%).

Entre os setores exportadores, os cinco mais relevantes responderam por 81,8% do total embarcado: complexo soja (US$ 5,0 bilhões | 37,8%), carnes (US$ 2,8 bilhões | 17,8%), complexo sucroalcooleiro (US$ 1,6 bilhão | 10,0%), produtos florestais (US$ 1,4 bilhão | 8,9%) e café (US$ 1,15 bilhão | 7,4%). No detalhe dos produtos, a soja em grãos (+1,2%) atingiu volume recorde de 12,3 mi de t (+9%), embora com preços médios em queda (-7,1%). A carne bovina in natura também quebrou recordes, somando US$ 1,54 bilhão (+46,9%) e 276,9 mil t (+16,7%), com destaque para a forte demanda da China (+63,7%). Já o café verde superou pela primeira vez a marca de US$ 1 bilhão em julho (US$ 1,04 bi | +25,4%), puxado por preços médios 57,5% mais altos, mesmo com queda no volume embarcado (-20,4%). Esse cenário foi auxiliado pela China, que habilitou 32 empresas brasileiras, totalizando agora 452 estabelecimentos autorizados a vender este produto para o gigante asiático. Entre outros destaques estiveram o fumo não manufaturado (US$ 353,8 mi | +99,2%), o suco de laranja (US$ 311,9 mi | +55,2%) e diversos produtos com recordes históricos, como feijões secos, miudezas bovinas, café solúvel e rações para animais domésticos, evidenciando a diversificação crescente da pauta exportadora. Os dados são da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI/Mapa).

No mês de julho, ainda sem as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, o Brasil bateu recorde histórico nas exportações de carne bovina. Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), foram embarcadas mais de 313,7 mil t durante o mês, valor 15,6% superior ao mês anterior e 17,2% superior ao mesmo mês de 2024. Os Estados Unidos são o 2º maior comprador da carne brasileira, atrás apenas da China. O destaque foi para o aumento das vendas para mercados alternativos do Oriente Médio, Sudeste Asiático e Leste Europeu. O desempenho demonstra força da cadeia produtiva a busca por novos destinos para o produto.

No dia 6 agosto, entrou em vigor o novo pacote de tarifas sobre produtos brasileiros imposto pelo governo dos Estados Unidos sob liderança do presidente Donald Trump. As principais commodities afetadas incluem soja, milho, carne bovina e café, além de outros agroprodutos com menor participação na economia brasileira, como mel e cacau. O pacote de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros excluiu quase 700 itens da taxação, incluindo produtos como suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados metais e madeiras. O “tarifaço” acende alerta sobre a necessidade de diversificação de mercados do Brasil, assim como exige rápido manejo de riscos para redirecionamento das vendas e renegociação de contratos.

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2025 foi atualizado em julho para R$ 1,404 trilhão pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sendo 11,4% acima do registrado no ano anterior. Destes, R$ 930,9 bilhões (+11,4%) foram provenientes das lavouras, enquanto a pecuária contribuiu com R$ 473,4 bilhões (+11,4%). A cadeia da soja mantém seu lugar na liderança, com R$ 318,9 bilhões (com participação de 22,7% do total), com crescimento de 8,0% no comparativo anual. Na produção animal, a maior participação veio de bovinos, com R$ 202,7 bilhões (participação de 14,4%), também apresentando crescimento, mas de 19,9%. No geral, as cadeias que mais registraram alta no VBP foram: café (+52,4%); amendoim (+42,3%) e mamona (+41,6%).

A partir de 1º agosto de 2025, entrou em vigência a nova regulamentação federal aumentando a mistura de biocombustíveis na gasolina (etanol) e no diesel (biodiesel) comercializado em todo o país. O percentual de biodiesel no diesel cresceu de 14% para 15%, enquanto a mistura de etanol na gasolina passou de 27% para 30%. A nova regulamentação é resultado da Lei do Combustível do Futuro, aprovada em 2024 e que promete aumento das misturas do etanol na gasolina (em até 35%) e do biodiesel ao diesel (em até 20%) até 2030, posicionando o Brasil na vanguarda global dos biocombustíveis.

No dia 8 de agosto, o Governo Federal concluiu a análise do Projeto de Lei nº 2.159/2021, que institui a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, após o presidente Lula vetar 63 trechos do projeto aprovado pelo Congresso. Entre os vetos está a limitação da licença por adesão e compromisso (LAC) apenas para empreendimentos de baixo potencial poluidor, além da rejeição de dispositivos que permitiam aos entes federados definir regras próprias para licenciamento sem padronização nacional. O Congresso vai analisar os vetos, enquanto a bancada do agronegócio discute estratégias para tentar reverter alguns deles.

O mês de agosto marcou um período importante para o conflito entre Rússia e Ucrânia. O confronto que impacta diretamente o agronegócio desde 2022 pode, enfim, terminar. Os Estados Unidos, sob comando do republicano Donald Trump, tem sido anfitrião de encontros com os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, além de líderes europeus, para um acordo de paz entre os países. Até o momento de publicação desse relatório, as partes não haviam alcançado um desfecho. Acompanhemos as notícias e torcemos para o fim desse lamentável conflito.

Como de costume, para finalizar nossa seção de análise do agro, apresentamos os preços mais recentes dos produtos do setor no fechamento da nossa coluna. No milho, considerando dados de cooperativa do estado de São Paulo, o preço físico era de R$ 60,00/sc; já o contrato para maio/2026 (B3) estava em R$ 71,90. Na soja, o preço Spot estava em R$ 135,30/sc (FOB) e a entrega para fev/26 em R$ 130,00/sc (FOB). O algodão (Base Esalq) era cotado a R$ 130,03/lb. O trigo, estava em R$ 1.350,00/t (FOB). Demais preços, considerando dados do Cepea são: café arábica em R$ 2.181,57/sc, alta mensal de 20,4%; laranja para indústria em R$ 47,02/cx (40,8kg) a prazo, aumento de 8,2%; e o boi gordo em R$ 310,75/@, alta de 5,6%no mês.  

Os cinco fatos do agro para acompanhar em setembro são:

1. Início do plantio da safra 2025/26 de grãos no Brasil. Em meados de setembro, com o término do vazio sanitário da soja e a chegada das chuvas, os produtores devem iniciar a semeadura. Vamos acompanhar os primeiros relatórios/estimativas, para entender se o crescimento previsto nas áreas se consolida. A 1ª estimativa de safra da Conab também deve ser divulgada nesse próximo mês.
2. Início da colheita da mega safra norte americana de grãos em 2025/26. O USDA indica que boa parte das lavouras de soja e milho estão em maturação e se aproximam do ponto de colheita. A antecipação das operações indica solidez de oferta, o que interfere diretamente nos preços.
3. Acompanhar as previsões para o clima, fator decisivo para plantio da safra brasileira! A expectativa é de chegada do La Niña em novembro, um mês antes do que ocorreu no último ano, possibilitando a antecipação na semeadura de soja e boas janelas para a safrinha.
4. Seguir acompanhando a situação da taxação de 50% de Donald Trump sobre as culturas agrícolas, principalmente sobre as frutas (como manga) e o café. Apesar da taxação e leve queda momentânea nos preços, o preço do café voltou a subir com a situação de déficit global e queda nos estoques. Com isso, o consumidor americano está “pagando” o preço da decisão, o que, para nós, sugere uma possível anistia ao café em breve e também para a carne bovina.
5. Inevitavelmente, seguir avaliando os indicadores econômicos, como o câmbio e taxa Selic. Em agosto, o dólar foi as mínimas desde junho de 2024, cotado em R$ 5,40. Notícia positiva no quesito de compra de insumos; mas ruim para antecipação das vendas da produção. Essencial acompanhar as oscilações agora para aproveitar os momentos de alta para travamento dos preços. Vale lembrar: 2025/26 será desafiador e o produtor deve se atentar ao aspecto da gestão financeira para obtenção de resultados!

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdade de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). Sócio da Markestrat Group. É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e professor na Harven Agribusiness School, em Ribeirão Preto – SP. Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP, mestre e doutorando em Administração pela FEA-RP/USP. É especialista em comunicação estratégica no agro.

Beatriz Papa Casagrande é associada na Markestrat Group, engenheira agrônoma pela ESALQ/USP e mestra em Administração na FEA-RP/USP. É especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

Rafael Barros Rosalino é consultor na Markestrat Group, médico veterinário pela FCAV/UNESP. É especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

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