Em resposta aos recentes episódios de violência registrados na Grande Ilha de São Luís, representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Maranhão se reuniram nesta terça-feira (28) no Palácio dos Leões para definir medidas conjuntas de fortalecimento da segurança pública. O encontro, convocado pelo governador Carlos Brandão, resultou na criação de um grupo de trabalho permanente e na proposta de mutirões para agilizar julgamentos relacionados ao crime organizado.
Além do governador, participaram o secretário de Segurança Pública, Maurício Martins, a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), desembargador Froz Sobrinho, o procurador-geral de Justiça em exercício, Orfileno Bezerra, o defensor público-geral Gabriel Furtado e outras autoridades do sistema de segurança e justiça.
Durante a reunião, o governador Carlos Brandão destacou que o avanço do crime organizado é um fenômeno nacional e citou o exemplo de estados como Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Piauí. Ele afirmou que o Maranhão reagirá de forma firme, ressaltando o volume de operações e prisões recentes. Segundo Brandão, mais de duas mil prisões foram realizadas nos últimos dois meses, incluindo 100 apenas na semana passada, além da apreensão de mais de uma tonelada de drogas. O governo também informou o bloqueio de R$ 100 milhões pertencentes a facções criminosas, valores que serão destinados ao fundo de combate ao crime.
O governador anunciou a criação de um grupo permanente de coordenação estratégica entre os três poderes, voltado à repressão e ao monitoramento de organizações criminosas. Segundo ele, o estado investirá em inteligência policial, tecnologia de videomonitoramento e qualificação de novos agentes. Brandão também defendeu o combate à desinformação, afirmando que a propagação de notícias falsas será tratada como crime, uma vez que contribui para o clima de insegurança entre a população.
O presidente do Tribunal de Justiça, Froz Sobrinho, afirmou que o encontro consolida um pacto pela segurança pública envolvendo Executivo, Judiciário, Ministério Público e Assembleia Legislativa. Ele destacou que o Judiciário já registrou aumento de 115% no julgamento de processos criminais e está preparado para mutirões e bloqueios de bens ligados a organizações criminosas. O desembargador também defendeu a criação de estratégias para impedir que líderes de facções continuem a comandar atividades de dentro dos presídios, e pediu o apoio da Polícia Federal para o enfrentamento de crimes financeiros e tráfico internacional.
A presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, destacou o caráter inédito do alinhamento entre os poderes e defendeu o aumento de recursos para a segurança pública. Segundo ela, a Lei Orçamentária Anual (LOA) em tramitação na Casa deve incluir reforços para inteligência e modernização policial. Iracema ressaltou que a união institucional é fundamental para enfrentar o crime de forma coordenada e permanente.
O encontro encerrou-se com o compromisso de consolidar um plano estadual de enfrentamento ao crime organizado, articulando forças policiais, sistema prisional, Ministério Público e Judiciário em ações conjuntas de repressão e prevenção.