Um relatório inédito divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que 62% dos novos alimentos e bebidas embalados lançados no Brasil entre 2020 e 2024 foram classificados como ultraprocessados. O levantamento, que avaliou 39 mil produtos comercializados no país, mostra que apenas 18,4% dos itens são in natura ou minimamente processados.
O estudo faz parte do projeto Monitoramento da Rotulagem de Alimentos no Brasil, desenvolvido em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é acompanhar a evolução dos produtos alimentícios disponíveis no mercado brasileiro, com foco na qualidade nutricional e nas informações presentes nos rótulos.
De acordo com o relatório, a predominância de ultraprocessados reflete um padrão alimentar cada vez mais distante das recomendações de uma dieta saudável. Esses produtos incluem refrigerantes, biscoitos, salgadinhos, embutidos e refeições prontas — itens com alto teor de gordura, açúcar, sódio e aditivos industriais.
Por outro lado, o levantamento trouxe avanços em relação à regulação da gordura trans. Das mais de 300 amostras de alimentos processados e óleos refinados analisadas, nenhuma apresentou a substância, resultado que o Ministério da Saúde atribui ao sucesso das políticas restritivas implementadas nos últimos anos.
O monitoramento seguirá até 2026, com a divulgação de quatro novos relatórios, que deverão avaliar o impacto das regras de rotulagem nutricional e o comportamento da indústria alimentar após a introdução dos alertas frontais nos rótulos. O governo afirma que a iniciativa busca garantir mais transparência ao consumidor e incentivar escolhas alimentares mais saudáveis.
