A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira rejeitar a cassação do mandato da deputada Carla Zambelli. A votação terminou com 227 votos favoráveis à perda do mandato, 170 contrários e 10 abstenções — número insuficiente para atingir o mínimo de 257 votos necessários. Com o resultado, a parlamentar permanece no cargo, apesar da condenação criminal já definitiva imposta pelo Supremo Tribunal Federal.
A decisão do plenário contrariou a recomendação da Comissão de Constituição e Justiça, que havia aprovado, por 32 votos a 2, um parecer favorável à cassação. O caso guarda semelhança com o episódio envolvendo o ex-deputado Natan Donadon, em 2013, quando a Câmara também optou por preservar o mandato após condenação no STF.
A condenação de Zambelli foi proferida pela Primeira Turma do Supremo, por unanimidade, em maio. Os ministros acolheram a acusação da Procuradoria-Geral da República de que a deputada atuou em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto para inserir documentos falsos na base de dados do Conselho Nacional de Justiça, incluindo um mandado de prisão fraudulento atribuído ao ministro Alexandre de Moraes. A PGR sustentou que a ação buscava comprometer a credibilidade do Judiciário e estimular manifestações contra as instituições.
Em junho, a Primeira Turma rejeitou os recursos apresentados pela parlamentar, tornando a sentença definitiva. Além da pena de 10 anos de prisão, o STF determinou a perda imediata do mandato, com fundamento no dispositivo constitucional que prevê cassação de parlamentares condenados criminalmente e sem possibilidade de recurso.
Após a decisão, Zambelli deixou o país e viajou para a Itália. Dias depois, passou a ser considerada fugitiva e teve seu nome incluído em difusão da Interpol. A deputada foi presa nos arredores de Roma, e o governo brasileiro formalizou pedido de extradição, ainda pendente de análise pela Justiça italiana.