
O Maranhão contabilizou 1.034 novos casos de HIV em 2025, ocupando o 4º lugar no Nordeste em número de pessoas vivendo com HIV/aids, segundo o Boletim Epidemiológico HIV e Aids 2025, do Ministério da Saúde. O estado fica atrás apenas de Bahia, Pernambuco e Ceará em incidência regional.
A análise dos últimos dez anos mostra que a faixa etária de 15 a 24 anos respondeu por até 15% dos diagnósticos recentes, um cenário que reforça a necessidade de ampliar estratégias de prevenção e educação em saúde voltadas ao público jovem.
Falsa sensação de segurança e comportamento de risco
Dados do Unaids revelam que, em 2024, cerca de 40,8 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo, sendo metade delas mulheres e meninas. No recorte adolescente e jovem, especialistas destacam que a “falsa sensação de segurança” frente ao HIV, aliada ao desconhecimento sobre riscos, contribui para o avanço das infecções.
“A juventude não vivenciou os anos críticos da epidemia e tende a subestimar o HIV”, avalia a infectologista Mônica Gama, da Hapvida. Para ela, a efetividade dos tratamentos cria a percepção equivocada de que a infecção deixou de ser grave.
A queda no uso de preservativos reforça essa tendência. Entre 2014 e 2022, o percentual de jovens que utilizaram camisinha na última relação sexual recuou de 70% para 61% entre os meninos e de 63% para 57% entre as meninas, segundo a OMS.
Sexualidade precoce e impacto das redes sociais
A especialista também aponta que a iniciação sexual precoce sem orientação adequada e a influência de conteúdos digitais que banalizam relações sexuais sem proteção têm elevado o risco de infecção entre adolescentes e jovens.
“Falta informação clara sobre prevenção, e isso aumenta a vulnerabilidade”, afirma Mônica.
Mortes e desafios na testagem
Entre 2014 e 2024, o estado registrou 8.084 óbitos relacionados ao HIV/aids, ocupando o 5º lugar no Nordeste em número absoluto de mortes. Só em 2024, foram 354 registros, evidenciando a urgência de ações que facilitem o diagnóstico precoce e o acesso ágil ao tratamento.
A testagem ainda enfrenta resistência. Tabus, medo do resultado e desconhecimento sobre a disponibilidade dos testes gratuitos no SUS são obstáculos contínuos no combate à doença.
Prevenção combinada e acesso gratuito à PrEP e PEP
Ferramentas eficazes de prevenção estão disponíveis e precisam ser mais difundidas, afirma a infectologista. A PrEP, fornecida pelo SUS, pode impedir a infecção com eficácia superior a 99% quando usada corretamente. Já a PEP deve ser iniciada em até 72 horas após uma exposição de risco.
“A prevenção precisa envolver várias estratégias: preservativos, testagem regular, PrEP, PEP e adesão rigorosa ao tratamento para quem vive com HIV”, destaca.
Ela reforça ainda que pessoas com HIV que mantêm carga viral indetectável não transmitem o vírus por via sexual — informação fundamental para combater o estigma e promover mais acesso ao cuidado.