A Food and Drug Administration (FDA) aprovou uma versão em comprimido do Wegovy, medicamento amplamente utilizado para perda de peso, até então disponível apenas na forma injetável. A decisão foi anunciada na segunda-feira e abre caminho para uma alternativa oral voltada a pacientes que evitam ou têm desconforto com aplicações por injeção.
O novo medicamento, identificado como comprimido de Wegovy, deverá estar disponível nos Estados Unidos no início do próximo ano. Segundo dados de um ensaio clínico patrocinado pela Novo Nordisk, fabricante do remédio, a eficácia do comprimido é próxima à da versão injetável. A formulação oral contém uma dose maior de semaglutida — princípio ativo também presente no Ozempic — porque apenas parte da substância é absorvida pelo organismo quando administrada por via oral.
Atualmente, já existe no mercado uma forma oral de semaglutida, o medicamento para diabetes Rybelsus. No entanto, a dose máxima do Rybelsus é de 14 miligramas, enquanto a dose de manutenção do comprimido de Wegovy é de 25 miligramas. Estudos indicam que pacientes que utilizam o Rybelsus apresentam, em média, menor perda de peso em comparação com aqueles tratados com as versões injetáveis de Wegovy ou Ozempic.
No ensaio clínico conduzido pela Novo Nordisk, 205 participantes receberam o comprimido de Wegovy e 102 utilizaram placebo. Após 71 semanas, os pacientes tratados com o medicamento perderam, em média, 13,6% do peso corporal, enquanto o grupo placebo registrou uma redução média pouco superior a 2%. Em estudos anteriores, a versão injetável do Wegovy demonstrou uma perda média de cerca de 15% do peso corporal em período semelhante.
Especialistas destacam, contudo, que os resultados observados em ambientes controlados de pesquisa nem sempre se reproduzem integralmente na prática clínica. A avaliação da efetividade no uso cotidiano dependerá de dados obtidos em condições reais de tratamento, conforme ressaltado por David Kessler, ex-comissário da FDA.
Em relação ao preço, a Novo Nordisk informou, em acordo anunciado em novembro com o governo dos Estados Unidos, que a dose mais baixa do comprimido de Wegovy custará US$ 149 por mês. A empresa não divulgou novos detalhes sobre os valores das demais dosagens no momento da aprovação.
O comprimido pode representar uma alternativa para pacientes que preferem evitar injeções ou buscam maior facilidade de transporte durante viagens. Por outro lado, a administração do medicamento exige que o paciente o tome em jejum, logo ao acordar, sem ingestão de alimentos ou bebidas por pelo menos 30 minutos, o que pode limitar a adesão para alguns usuários.
A versão injetável do Wegovy também possui indicação para redução do risco de eventos cardiovasculares, como infarto e derrame. Embora a formulação oral possa, em tese, oferecer benefícios semelhantes, a ampliação dessa indicação dependerá de avaliação adicional das autoridades regulatórias.
Nos estudos clínicos, o perfil de efeitos colaterais do comprimido foi semelhante ao observado com a injeção. Aproximadamente 74% dos participantes relataram efeitos gastrointestinais, frente a 42% no grupo placebo.