Piloto alega que rasante sobre praia no Maranhão foi para foto panorâmica

Nivaldo Alves Correa, conhecido como Cabeludo, foi detido após um vídeo flagrar o voo próximo a banhistas no último domingo.

Fonte: Rodrigo Castro

Detido após um voo rasante próximo a banhistas na praia do Caju, no município maranhense de Nova Iorque, o engenheiro mecânico Nivaldo Alves Correa, conhecido como Cabeludo, afirmou que fez a manobra com a intenção de tirar fotos panorâmicas do local. As imagens, segundo ele, seriam usadas pela prefeitura para promover o turismo na região.

Nivaldo fazendo reparos em seu avião Paradise (Foto: Reprodução)

Um vídeo feito por um dos presentes flagrou o momento em que o avião passou alguns metros acima de banhistas no último domingo (11). Na gravação, é possível ver que a aeronave faz uma curva perto da água e arremete logo em seguida, sem retornar. O registro circulou pela internet e chamou atenção das autoridades, que acionaram agentes da cidade vizinha São João dos Patos, onde ele mora, para que prendessem o piloto em flagrante.

Após comparecer à delegacia, Nivaldo foi liberado por se tratar de um crime de menor potencial ofensivo e uma contravenção penal. Um termo circunstanciado de ocorrência foi lavrado, e o piloto assumiu o compromisso de se apresentar à Justiça quando citado.

Segundo o engenheiro, o voo foi combinado previamente com prefeito de Nova Iorque, Daniel Castro (PL), para que fossem feitas imagens do local, um dos principais cartões-postais da cidade. Ele conta que saiu do aeroporto de Passos Bons acompanhado de um fotógrafo e só percebeu que havia pessoas na praia do Caju quando se aproximou. A reação foi desviar de imediato e abandonar a ideia.

“Foi um pedido do prefeito, porque ele vai divulgar essa área turística da região. Sei que foi baixo mesmo, porque era para tirar a foto e subir, tirando de todos os ângulos e lados, para divulgar na internet”, disse Nivaldo a ÉPOCA. “É uma área desabitada, e eu fui informado de que estava em lockdown. Lá é bem escondido, tem as árvores, então baixei e me surpreendi quando vi que tinha gente. Eu arremeti e fui embora, não fui fazer nenhuma graça com quem estava tomando banho. Lamento muito que tenha acontecido esse incidente”.

O episódio suscitou uma série de comentários nas redes sociais, a maioria deles criticando a atitude do piloto. Apaixonado por aviação, Nivaldo começou a voar há cerca de 14 anos e é bastante conhecido pelos moradores da região. A dimensão que o caso tomou assustou seus familiares.

“Nunca fiz nada de irregularidade porque sei como é o procedimento que a Anac pede. Voar em área povoada é questão de segurança à própria vida. Os aviões pequenos são suscetíveis a uma pane, por mais cuidado que tenha”, afirmou. “A minha mãe ficou chorando, todo mundo ficou preocupado. Nada disso foi proposital, foi um incidente na minha carreira de comandante. Eu não sou contraventor, não desobedeço as leis”.

O engenheiro comprou sua aeronave modelo Paradise há cerca de dois meses, segundo a Polícia Civil. De acordo com o registro da matrícula junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o avião foi fabricado em 2006 e ainda está no nome do antigo proprietário. Nivaldo afirma que já deu entrada na documentação e aguarda a transferência da posse.

Ainda segundo as autoridades, a licença do piloto está sendo verificada pelas forças de segurança. Em 2012, o engenheiro foi autuado por não possuir habilitação para pilotar avião, ocasião em que foi indiciado por contravenção penal. Naquela oportunidade, o avião ficou aprendido por ordem judicial, conforme a polícia. A ÉPOCA, Nivaldo explicou que está pagando o exame vencido e que vai fazer o voo de cheque novamente.

Em nota, a Polícia Civil disse que a delegacia de São João dos Patos está checando junto ao Poder Judiciário a possibilidade de apreender a aeronave e que também há contato das forças policiais com a ANAC, para possíveis ações administrativas contra o piloto.

O prefeito de Nova Iorque não foi localizado pela reportagem.

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