Seis pacientes que aguardavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos contaminados com o vírus HIV e agora testaram positivo para o vírus. O incidente, inédito na história dos serviços de transplantes no Brasil, foi revelado pela BandNews FM nesta sexta-feira (11) e confirmado pela SES-RJ à TV Globo e ao g1. O caso também está sendo investigado pelo Ministério da Saúde.
“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, afirmou a SES-RJ em comunicado.
De acordo com o governo do estado, o erro ocorreu no PCS Lab Saleme, um laboratório privado localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Esse laboratório havia sido contratado em uma licitação no fim de 2023 para realizar a sorologia dos órgãos doados.
Após a descoberta do problema, a Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária Estadual decidiram interditar o laboratório, e o caso passou a ser investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil.
A infecção veio à tona quando um paciente que havia recebido um coração através da SES-RJ começou a apresentar sintomas 9 meses após o transplante. Uma série de exames revelou o diagnóstico de HIV.
Após esse diagnóstico, as autoridades revisaram todo o processo de triagem e descobriram que pelo menos dois dos doadores tinham o vírus HIV. No entanto, a triagem dos órgãos feita pelo laboratório privado não detectou a presença do vírus, e os órgãos foram liberados para transplante.
O laboratório envolvido havia sido contratado em dezembro de 2023, por meio de uma licitação no valor de R$ 11 milhões. Diante do ocorrido, a secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, informou que a primeira medida tomada foi transferir a realização dos exames de sorologia dos doadores para o Hemorio.
“Então, a partir do dia 13 de setembro, toda a doação é passada direto das doações para o Hemorio”, declarou Cláudia. O Hemorio ficará responsável por retestar o material armazenado de 286 doadores, em uma tentativa de evitar novos erros e garantir a segurança dos procedimentos de transplante.
O caso gerou grande repercussão e preocupação entre os pacientes e suas famílias, além de chamar a atenção para a importância dos protocolos de segurança e a qualidade dos serviços envolvidos no processo de transplantes de órgãos.