Reportagem exibida neste domingo, 23, no programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) que revelou um esquema de fraudes na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em diversas cidades do Brasil, incluindo São Bernardo, no Maranhão.
O relatório aponta que prefeituras inflaram o número de matrículas para receber mais recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), desviando dinheiro que deveria ser destinado ao ensino.
São Bernardo no centro das investigações
Com 27 mil habitantes, São Bernardo é uma das cidades maranhenses sob suspeita. A reportagem teve acesso a mensagens de áudio de uma agente de saúde espalhando informações falsas para captar alunos para a EJA. Além disso, uma família inteira foi matriculada sem consentimento e sem frequentar aulas.
A ex-secretária de Educação, Raquel Carvalho, e o ex-prefeito João Igor foram procurados para comentar o caso, mas não responderam, conforme informou o Fantástico.
Para o procurador regional da República, Juraci Guimarães, o escândalo é ainda mais grave em um estado com altos índices de analfabetismo.
“É um escândalo no sistema de educação, ainda mais num estado pobre como o Maranhão”, declarou.
Dez cidades maranhenses na mira da CGU
Além de São Bernardo, outras nove cidades do Maranhão estão sendo investigadas por fraudes no sistema educacional. O Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas do Estado também acompanham o caso. Os demais municípios na mira da CGU não foram citados na reportagem do Fantástico.
Após a revelação das irregularidades, prefeituras alegam ter corrigido os dados. No Maranhão, o número de alunos matriculados na EJA em 2024 caiu 30% em relação ao ano anterior, enquanto em São Bernardo a redução foi de 67%.
A fraude na EJA é um problema nacional. Em Girau do Ponciano (AL), uma cidade com 36 mil habitantes, mais de 12 mil alunos estavam matriculados na EJA em 2022, número considerado irreal. Em Paquetá (PI), uma cidade com menos de 4 mil habitantes, quase metade da população estava registrada no programa.
A CGU continua apurando os casos para responsabilizar os envolvidos e recuperar os recursos desviados da educação.