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Avião do “faz-tudo do PCC” levou drogas de São Luís para a Europa

Uma reportagem do Fantástico revelou que um dos voos operados pela organização criminosa decolou de São Luís com destino à Bélgica

Fonte: Da redação com informações da TV Globo

Preso desde janeiro após se entregar à Justiça, Willian Barille é acusado de chefiar uma rede de tráfico internacional de drogas e recebeu o apelido de “concierge do PCC” por facilitar operações do Primeiro Comando da Capital (PCC) e manter conexões com a máfia italiana. De acordo com investigações da Polícia Federal, ele teria movimentado R$ 2 bilhões no sistema financeiro brasileiro, utilizando aviões particulares para enviar drogas à Europa.

Uma reportagem do Fantástico, exibida no último domingo (23) pela TV Globo, revelou que um dos voos operados pela organização criminosa decolou de São Luís com destino à Bélgica. Em mensagens interceptadas pela polícia, o piloto relatou dificuldades para levantar voo devido ao peso da carga. “Acho que foi Deus que levantou ele. Um sopro divino”, escreveu. Barille respondeu com ironia: “E a consciência dos que tão dentro pesa quanto? Kkkkkkkk.”

A aeronave em questão, posteriormente apreendida pela Polícia Federal, transportava quase uma tonelada de cocaína para Bruxelas. Os criminosos escondiam a droga em compartimentos secretos da aeronave, como no bagageiro, sob o assoalho e debaixo das poltronas, utilizando os chamados “mocós” para ocultar a substância ilícita.

Desde 2020, a Polícia Federal e o Ministério Público monitoravam a organização criminosa em cooperação com autoridades da Itália. Foi a partir desse trabalho que os investigadores tiveram acesso a mensagens trocadas entre os integrantes da rede através de um aplicativo secreto, o SKYECC. Esse sistema, utilizado exclusivamente em celulares modificados, oferecia alto nível de criptografia e garantia o anonimato dos usuários.

Apresentando-se como empresário, Barille era dono de nove empresas que, segundo a polícia, eram utilizadas para lavagem de dinheiro do tráfico. Ele mantinha sociedade com Edmilson de Meneses, conhecido como Grilo, integrante do PCC que morreu no ano passado. Juntos, os dois operavam rotas de exportação de cocaína para a Europa a partir do porto de Paranaguá (PR). Em dezembro de 2020, dois carregamentos foram apreendidos, um contendo meia tonelada e outro com 322 kg da droga.

Além de administrar as operações financeiras do PCC, Barille também teria planejado uma ação para ajudar Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, um dos principais aliados de Marcos Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa.

Em dezembro de 2023, a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão em 31 endereços ligados a Barille. Entre os alvos estavam sua mansão em um condomínio de luxo na Grande São Paulo e uma residência em Florianópolis (SC). Após permanecer foragido por mais de um mês, ele decidiu se entregar à Justiça.

A defesa do acusado nega qualquer envolvimento com o tráfico de drogas. “Willian Barille desconhece o SKYECC, ele nunca utilizou esse telefone criptografado e nunca praticou nenhum ato ilícito, muito menos tráfico de drogas”, afirmou seu advogado, Eduardo Maurício.

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