A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar as denúncias de assédio sexual e moral contra o professor José Maurício Rosolen, da Universidade de São Paulo (USP). O docente faz parte do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto e já estava sob averiguação preliminar desde setembro de 2024. O Estadão entrou em contato com o professor, mas ainda não obteve resposta.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Ribeirão Preto conduz as investigações e já iniciou diligências para esclarecer o caso. Paralelamente, a USP instaurou um processo administrativo disciplinar contra Rosolen na semana passada, determinando seu afastamento por 180 dias.
O regimento interno da universidade prevê que o processo administrativo tenha um prazo de 90 dias para ser concluído, podendo ser prorrogado se necessário. Durante essa etapa, as denunciantes serão ouvidas, as provas serão analisadas e a defesa do professor será considerada antes de qualquer decisão.
As denúncias apontam que, entre os alunos, havia um “acordo tácito” para que nenhuma mulher ficasse sozinha com o professor, seja na sala de aula ou no laboratório. Relatos indicam que ele se aproximava das alunas sob o pretexto de criar vínculos, fazendo convites, oferecendo viagens e passeios. Os depoimentos também mencionam que o assédio escalava para tentativas de beijos forçados e toques em partes íntimas. Quando rejeitado, o professor supostamente retaliava com ameaças de cortes de bolsas de estudo.
O caso ocorre no mesmo período em que a USP também abriu um processo administrativo disciplinar contra outro professor da instituição, Alysson Leandro Barbate Mascaro, da Faculdade de Direito. Ele é suspeito de assediar dez alunos e foi afastado preventivamente em dezembro de 2024, com a decisão de estender sua suspensão por mais 120 dias. O docente nega as acusações.
A comissão responsável pela investigação tem 90 dias para concluir os trabalhos, podendo prorrogar o prazo se necessário. Dependendo das conclusões, o professor poderá ser exonerado. O primeiro afastamento cautelar de Mascaro foi oficializado por portaria em dezembro do ano passado, a pedido do responsável pela apuração preliminar. O documento destacava “fortes indícios de materialidade dos fatos”, além da possibilidade de enquadramento do caso como assédio sexual vertical, quando o assediador ocupa uma posição de superioridade hierárquica sobre a vítima.
Ambos os casos seguem em investigação tanto pela USP quanto pelas autoridades policiais.