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CCR avança na venda dos aeroportos de São Luís, Imperatriz e mais 18 localidades

Nos últimos meses, a empresa já vinha sinalizando ao mercado sua intenção de reduzir sua exposição em alguns segmentos

Fonte: Da redação com Broadcast

A CCR está prestes a virar uma página importante em sua trajetória no setor aeroportuário. A companhia inicia, nas próximas semanas, uma nova fase no processo de venda dos aeroportos de São Luís, Imperatriz e em mais 18 localidades, com a expectativa de receber propostas não vinculantes entre o fim de abril e o início de maio. Avaliado entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões, o negócio já despertou o interesse de pelo menos 12 grupos, entre operadoras internacionais e fundos de infraestrutura, segundo fontes próximas à operação.

Atualmente, a CCR administra 17 terminais no Brasil — incluindo o de Belo Horizonte — e outros três fora do país, em países como Curaçao. Todos esses ativos foram colocados à venda. Na primeira etapa do processo, conduzida pelo banco Lazard e pelo Itaú BBA, empresas de peso analisaram os números da operação. Entre elas, estão as europeias Fraport, Zurich, Vinci e Aena, além de latino-americanos como o Grupo Aeroportuario del Pacífico (GAP), Asur, OMA e a Corporación América Airports, da Argentina. Também há fundos de investimento, tanto locais quanto estrangeiros, que estudam a possibilidade de entrar sozinhos ou em parceria com operadoras.

Os terminais movimentam, juntos, cerca de 43 milhões de passageiros por ano e geram R$ 4,3 bilhões em receita líquida anual, com um Ebitda consolidado de R$ 1,4 bilhão — mais da metade desse valor oriundo dos aeroportos internacionais. No entanto, apesar do volume expressivo, uma fonte que avaliou os ativos destaca que o portfólio combina aeroportos relevantes com outros de menor porte, o que pode dificultar a venda como um pacote único. Nesse cenário, não está descartada a possibilidade de desmembramentos, como a separação dos terminais brasileiros dos internacionais, ou a formação de blocos regionais para facilitar a negociação.

Entre os interessados, algumas empresas já atuam no mercado brasileiro. É o caso da alemã Fraport, responsável pelos aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza; da espanhola Aena, que administra Congonhas; e da suíça Zurich, presente em Florianópolis e Natal. Já os grupos mexicanos, que há anos manifestam interesse em entrar no país, podem ver na operação uma oportunidade concreta de entrada no competitivo mercado nacional.

O setor aeroportuário, no entanto, apresenta desafios distintos em relação a outras áreas de atuação da CCR, como rodovias e mobilidade urbana. Especialistas apontam que a previsibilidade do fluxo de passageiros tornou-se mais incerta nos últimos anos, impactada por mudanças de comportamento, oscilações econômicas e o próprio histórico recente das concessões. Ainda assim, os ativos da CCR são considerados estratégicos, com grande potencial de valorização no médio e longo prazo.

A venda dos aeroportos faz parte de um movimento mais amplo de reestruturação da CCR. Nos últimos meses, a empresa já vinha sinalizando ao mercado sua intenção de reduzir sua exposição em alguns segmentos, incluindo também participações no setor de mobilidade urbana. Controlada por um consórcio formado por Itaúsa, Votorantim, Mover (ex-Camargo Corrêa) e o grupo Soares Penido, a empresa busca focar em negócios com maior previsibilidade e rentabilidade.

Até o momento, a CCR não comentou oficialmente sobre o andamento do processo. No entanto, o mercado acompanha de perto a movimentação, que promete redesenhar o mapa da aviação regional e internacional no Brasil, além de servir como termômetro para o apetite de investidores no setor de infraestrutura em um cenário ainda desafiador para concessões públicas.

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