O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (27), ao lado do ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, o decreto que regulamenta a TV 3.0, nova geração da televisão aberta no Brasil. A cerimônia realizada no Palácio do Planalto marcou o lançamento de uma tecnologia que o governo trata como a maior transformação no setor desde 2007, quando o país iniciou a transmissão do sinal digital.
A TV 3.0 promete oferecer imagem e som em qualidade superior, maior interatividade e integração com a internet, transformando o televisor em uma plataforma de múltiplos serviços. Com o novo sistema, os brasileiros poderão acessar canais por meio de aplicativos, participar de votações em tempo real, comprar produtos exibidos nos programas e até escolher câmeras alternativas em transmissões esportivas.
Além de ampliar a experiência do público, o sistema é visto como uma oportunidade para o mercado publicitário, já que permitirá a veiculação de anúncios segmentados por região, perfil e interesse dos telespectadores. O modelo segue a lógica já utilizada por plataformas de streaming e redes sociais, o que deve tornar a televisão aberta mais competitiva no ambiente digital.
O governo pretende disponibilizar a nova tecnologia em algumas capitais já para a Copa do Mundo de 2026, em junho. No entanto, a expansão completa até alcançar todo o território nacional deve levar de dez a quinze anos. Nesse período de transição, a TV digital continuará funcionando normalmente, e os consumidores poderão migrar para a TV 3.0 de forma gradual.
Para famílias de baixa renda, o Executivo estuda a distribuição gratuita de conversores, repetindo a experiência do programa Seja Digital, que facilitou a transição para o sinal digital anos atrás. Fabricantes como a chinesa Hisense já demonstraram interesse em lançar televisores compatíveis no Brasil a partir de 2025, o que pode acelerar a adoção do novo padrão tecnológico.
A implementação exigirá investimentos de radiodifusoras e fabricantes, e o governo avalia a possibilidade de incluir o BNDES como financiador para apoiar o setor. Segundo o ministro das Comunicações, a TV 3.0 representa um marco na democratização da informação, combinando gratuidade e inovação tecnológica.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, também destacou que a iniciativa está ligada ao conceito de soberania digital e de fortalecimento da indústria nacional. Ele lembrou que a tecnologia foi desenvolvida em parceria com países como Estados Unidos, China, Japão, Índia e Brasil, mas frisou que será usada para servir aos interesses do povo brasileiro. Palmeira ainda reforçou que empresas estrangeiras serão bem-vindas desde que respeitem a legislação nacional, em um recado direto às big techs no momento em que o governo prepara projetos de lei sobre regulação digital.
A expectativa oficial é que a TV 3.0 reposicione a televisão aberta em meio à concorrência das plataformas digitais, amplie as possibilidades de publicidade, incentive a indústria tecnológica e funcione como instrumento de inclusão, ao conectar milhões de brasileiros que ainda têm acesso limitado à internet.