Depois de anos de espera e uma luta marcada por esperança, fé e acompanhamento médico rigoroso, o Maranhão registrou nesta terça-feira (30) um marco histórico na saúde pública: a alta do primeiro paciente submetido a um transplante de medula óssea realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. O paciente Isídio Lopes, de 63 anos, portador de mieloma múltiplo, deixou o Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA/Ebserh) em meio a aplausos e emoção da equipe médica, que comemorou a conquista.
A alta vai além de uma vitória pessoal. Até pouco tempo atrás, pacientes maranhenses que necessitavam desse tipo de tratamento precisavam viajar para outros estados, enfrentando longas filas, deslocamentos cansativos e o desafio de ficar longe da família. Com a habilitação do serviço no HU-UFMA, o procedimento passou a ser oferecido no próprio estado, garantindo mais conforto e dignidade aos pacientes.
O transplante realizado foi do tipo autólogo, no qual são utilizadas células da própria medula do paciente, que são coletadas, processadas e reinfundidas após tratamento quimioterápico intensivo. Esse tipo de procedimento é especialmente indicado para casos de mieloma múltiplo e alguns tipos de linfoma. Segundo o hematologista Diego Luz Felipe, responsável técnico do Programa de Transplante de Medula Óssea, trata-se de um procedimento de alta complexidade realizado sem cirurgia, com a devolução das células ao paciente para restaurar o sistema imunológico de forma adequada.
O hematologista Yuri Nassar, responsável técnico da Unidade de Hematologia e Hemoterapia, destacou a conquista como a realização de um sonho coletivo. Ele lembrou que toda a equipe lutou durante dois anos para viabilizar a implantação do serviço e que a alta de Isídio é um marco para a história do SUS no Maranhão.
A complexa realização do transplante envolveu diferentes setores do hospital, incluindo a Unidade de Hematologia e Hemoterapia, a Central de Material Esterilizado, a administração e a infraestrutura, além da atuação fundamental do Centro de Pesquisa Clínica, responsável pela quantificação das células utilizadas.
Isídio, emocionado com o desfecho positivo, destacou o atendimento e o carinho recebidos da equipe. “Estou me sentindo muito bem. Estou pronto para uma nova vida”, disse. Sua alta ganha ainda mais significado por ocorrer em setembro, mês dedicado à conscientização sobre doação e transplantes de órgãos e tecidos.
Mais do que um procedimento, esse primeiro transplante simboliza uma virada de página para a saúde pública do Maranhão, trazendo esperança de que cada vez mais pacientes possam ter acesso rápido e eficaz a um tratamento que pode salvar vidas.