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Qual tênis ideal para corrida

Essa escolha, que parece simples, envolve fatores biomecânicos, prevenção de lesões e até performance.

Fonte: Médico do Esporte e Exercício - Ortopedista e Traumatologista - Cirurgião de Quadril. CLÍNICA PERFORME - Av dos Sambaquis, 33 Calhau Galeria A - 2º Andar. 988863776

A corrida é hoje um dos esportes mais praticados no mundo, em grande parte porque exige pouco equipamento e pode ser feita em quase qualquer lugar. Mas uma dúvida persiste entre iniciantes e até entre corredores experientes: afinal, qual é o tênis ideal para corrida? Essa escolha, que parece simples, envolve fatores biomecânicos, prevenção de lesões e até performance.
Nos últimos anos, diversos estudos científicos têm investigado a relação entre o calçado e o risco de lesões. Diferente do que muitos imaginam, não existe um modelo “perfeito” universal. O que se busca é um tênis que respeite a individualidade do corredor, considerando peso, tipo de pisada, volume de treino e até o terreno mais frequente. De forma geral, o tênis deve proporcionar conforto, absorção de impacto adequada e estabilidade sem restringir o movimento natural do pé.
Um dos pontos mais discutidos é o chamado drop, que representa a diferença de altura entre o calcanhar e a parte dianteira do tênis. Modelos tradicionais apresentam drops entre 8 a 12 mm, enquanto os minimalistas reduzem essa diferença para 0 a 4 mm. Estudos apontam que drops mais altos tendem a deslocar a carga para o joelho, enquanto os mais baixos aumentam a exigência da panturrilha e do tendão de Aquiles. Portanto, não há um drop ideal absoluto, mas sim uma adaptação que deve ser feita progressivamente conforme a biomecânica e a história de lesões do corredor.
Outro aspecto relevante é o nível de amortecimento. Os tênis altamente amortecidos, como os modelos com entressolas espessas, ganharam popularidade pela sensação de conforto. No entanto, estudos mostram que a percepção de maciez não necessariamente reduz o risco de lesão. O corpo tende a ajustar a mecânica de corrida conforme a superfície, e a escolha deve priorizar o conforto subjetivo, que é um dos melhores preditores de prevenção de lesões segundo revisões sistemáticas recentes.
Além disso, novas tecnologias como placas de carbono têm revolucionado a performance em provas longas. Esses calçados, com entressolas responsivas e design propulsivo, mostraram melhora de eficiência energética em estudos controlados. Contudo, são recomendados principalmente para corredores mais experientes, já que exigem adaptação muscular e podem aumentar a carga em algumas estruturas caso usados de forma inadequada.
Outro ponto fundamental é considerar o peso corporal. Corredores mais pesados se beneficiam de maior amortecimento para dissipar impacto, enquanto corredores leves podem optar por modelos mais responsivos e com menos estrutura. A superfície de treino também interfere: para trilhas, a prioridade é tração e estabilidade; já para rua e asfalto, amortecimento e leveza costumam ser determinantes.
Por fim, é preciso destacar que o fator mais importante continua sendo o conforto individual. Estudos demonstram que corredores que escolhem o tênis baseado em percepção de conforto apresentam menos lesões do que aqueles que se guiam apenas por análises técnicas de pisada. Ou seja, o corpo “sabe” qual calçado se adapta melhor à sua biomecânica.
Dessa forma, o tênis ideal para corrida não é definido apenas por marca ou tecnologia, mas pelo equilíbrio entre ciência e individualidade. O corredor deve considerar conforto, drop, amortecimento, peso corporal, terreno e objetivos. E, acima de tudo, lembrar que o calçado é apenas uma das variáveis: treinamento progressivo, fortalecimento muscular e cuidados médicos seguem sendo pilares indispensáveis para uma corrida saudável e de longa duração. ‎

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